A primeira crise a gente nunca esquece!

Gente, esses dias passei um sufoco com o Fernando que só por Deus mesmo...

Foi assim: há um tempão ele estava estressadinho, cheio de manha e eu fazendo todas as suas vontades.
Um dia, quando fomos entrar pra dentro de casa, ele começou a chorar e dizer 'mamião,mamião', queria ir na rua ver o caminhão passar. Pois o pai dele foi com ele, voltou, foi, voltou, foi, voltou...a cada resmungada eu via os dois voltando pro portão, até que resolvemos deixá-lo reclamar, pois não poderíamos passar a noite no portão vendo a banda o caminhão passar. Entramos, ele chorou e depois esqueceu.

No outro dia, estavamos eu e meu pai com o Nandinho no colo, voltando pra minha casa. Passamos do portão e começou tudo de novo: 'mamião, mamião'. Meu pai voltou pro portão mas eu disse que era pra ele entrar. Quando entraram começou o escarcéu, ele chorava, se jogava no chão, e nisso começou a suar, pois na rua estava frio e ele com muitas blusas, se jogando no chão, estava derretendo. Eu fui tirar a blusa dele e o show começou pra valer. Sentados no sofá meu marido, meu pai e minha sogra assistiam aquela cena ridícula. Eu, numa tentativa frustrada, o segurei pelo braço e falei firme que iríamos tirar a blusa, aí foi que ele se jogou mesmo, quase batia a cabeça no chão, e eu tirando a blusa.
Acho que o fato de eu ter tirado a blusa fez com que ele percebesse que realmente não voltaria pra rua, e chorou mais, foi no quarto, abriu a gaveta aos berros e pegou a blusa dizendo que queria colocar [derretendo].
Eu, pasma, fui pra sala e sentei no sofá, ficamos os quatro lá sentados, só ouvindo a gritaria dele no quarto.

Meu pai foi embora, não aguentou [não pode ver o Fernando dar uma resmungadinha, quem dirá vê-lo chorar daquele jeito]. Minha sogra já tinha chamado um táxi e foi embora também. O Fernando, ao ouvir a movimentação na sala, ficava quieto, mas logo voltava a berrar feito um condenado.
Ficamos na sala eu e marido, conversando qualquer coisa que eu não lembro o que, pois estava com a cabeça lá no Nandinho, jogado no chão do quarto. Começou a ficar cada vez mais difícil, pois ele me chamava com a voz cortada em soluços 'ma mã e... ma mã eee..e..e..'. Eu fiquei com o coração partido, pra não dizer despedaçado. Mas sabia que aquilo era manha pura, que tinha se formado uma queda de braço e eu tinha que ganhar.

Passados 10 minutos [que mais pareceram 10 anos] ele veio chorar na sala, depois veio se encostando em mim, querendo chamar atenção e dizendo 'bateu, bateu...' mostrando o dedinho. Eu sabia que ele não tinha batido, fez isso pra não dar o braço a torcer mesmo, orgulhoso que só vendo! Mas é lógico que eu o agradei, fazendo o que sempre faço 'ah, bateu? vou dar um beijinho pra sarar'. E sara mesmo. Depois disso ele sentou o meu colo e ficou vendo desenho por uns minutinhos, já levantou e foi brincar. O engraçado foi que depois dessa crise nervosa ele ficou um anjo! Apesar de estar com sono, brincou, deu risada, não fez nenhuma birrinha mais sequer [naquele dia, que fique bem claro rs]. Acho que ele tava mesmo precisando extravasar.

A primeira queda de braço nós vencemos, isso queimporta. Assim ele vai saber que não adianta se jogar no chão e chorar feito condenado. Fiquei com dó, sim, mas em nenhum momento pensei em ir agradá-lo, pois sabia que aquele escândalo todo era pura manha.

Ele nunca mais deu um show desse...e se der, farei a mesma coisa. Agora, uma coisa é certa, não sei como eu agiria se esse escândalo fosse na rua...mas um passo de cada vez. Quando ele fizer isso em público, registro aqui o que foi que eu fiz!

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