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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Pré Parto

Ia colocar como título: "Tensão Pré Parto", mas deixa pra lá.

Hoje completei 38 semanas e 4 dias. Eu queria, minha gente, vir aqui e dizer que estou curtindo os últimos momentos, curtindo o barrigão, aproveitando porque a Luíza nunca mais voltará aqui pra dentro, fazendo chás de despedidas e tudo mais. Mas em verdade, em verdade vos digo: quero tê-la do lado de fora o mais rápido possível. Podem me julgar, podem dizer que sou insensível. Em alguns dias posso estar em prantos ao lembrar que tive esse pensamento, mas é a verdade e a verdade tem que ser dita.

1) A grávida chata

Quando eu estava lá pelas 24 semanas de gestação, encontrei uma amiga que estava com 35 semanas. Ela foi tão esquisita, não deu um sorriso, não deu muita 'trela' e já saiu andando, respondeu as minhas perguntas (chatas!) com uma cara de 'devia levar num gravador essa resposta' que eu fiquei achando que ela não gostava de mim, que não tinha gostado de me encontrar ou que eu tinha feito alguma coisa que a tivesse deixado chateada. Mas agora, ah, como eu entendo!!

Estou cansada de responder essas perguntas. Quando vou à casa da minha mãe, que fica alguns quarteirões daqui, devo parar umas 5 vezes no caminho responder as mesmas perguntas. Eu sei, eu sei, as pessoas me querem bem, nascimento é uma festa, criança é uma bênção, mas eu estou cansada de ouvir "Não nasceu ainda??" , "Pra quando é?" , "Nossa que barrigão!!" , "Você está bem gorda, hein?" , "Vai ser parto normal?" , "E o Fernando, tá com ciúmes?". Gente cansa. Cansa, gente! Tenho certeza que assim como a minha amiga, eu fui 'rude' algumas vezes, mas em minha defesa: eu zelo pela minha sanidade mental (embora não pareça).

2) Os desconfortos no final da gestação

Outra coisa que tem feito com que eu queira que o tempo voe são os desconfortos desse finzinho de gestação. Uma pressão no baixo ventre, que às vezes vem com cólicas. Em alguns momentos (acho que quando a Luíza se mexe de alguma forma) sinto dor no intestino, uma sensação estranha de dor de barriga + intestino preso + gases presos. Chego a andar curvada.
O fígado coitado, dependendo da posição, é espremido mais que limão.
A bexiga...ah, a bexiga! Já não passo uma hora sem ir ao banheiro. Corro para o banheiro e quando sento no vaso, uma, duas gotas apenas. À noite piora, acordo com contrações por causa da bexiga cheia e tento correr para o banheiro, mas é impossível, pois a dor na lombar mal permite que eu ande, quem dirá que eu corra. Levanto manca feito um zumbi no escuro e vou até o vaso umas 5 vezes durante a noite. Já deixei o marido de sobreaviso, não é pra ele se assustar se vir uma zumbi manca descabelada andando pela casa de madrugada no escuro, direto do The Walking Dead.
Tem também a falta de ar, falaremos a seguir.

3) Contrações

As contrações são bem incômodas e agora me dão falta de ar (novidade pra mim). Quando vem chegando uma contração, o medo se instala, a tensão também. Tento não pensar mas não consigo. Quanto mais eu mentalizo a contração, mais forte ela vem, e mais incômoda. A barriga fica torta, quadrada, de todo jeito. Fica por uns segundos e vai embora, mas aparecem váááárias vezes ao dia, e de madrugada principalmente.

4) Dor de garganta

Há uns três meses a gripe tenta me pegar, sem sucesso. Porém, agora, na reta final, ela me pegou. Estou com a garganta inflamada (com pus), com uma tremenda dor no corpo, nas articulações. Aquele resfriado típico: boca seca, uma sensação de febre (porém estou sem, amém!). Derrubada mesmo. Fico imaginando que legal seria entrar em trabalho de parto assim, nessas condições...

5) A ansiedade

Acho que a ansiedade é a campeã, a principal vilã por me fazer querer que a gestação passe rápido.
Quando eu estava grávida do Nando, além de não sentir tanto desconforto (pelo que eu me lembro...) eu tinha a expectativa romântica do parto normal. A minha ansiedade era um friozinho na barriga, acompanhado de um sorriso no rosto, esperando a chegada do meu filho como eu via nos vídeos de parto humanizado.
Agora...agora, minha gente, eu sei que o buraco é mais embaixo. Não desisti da cesárea agendada!
A cada contração mais dolorida penso no que posso vir a sentir se o TP engrena. Me passa todo aquele filme de moça sofrida na primeira gestação. Queria ir ter a minha bebê tranquilamente, penteada, sem gemidos, sem dor, sem gritos de desespero, sem implorar por misericórdia ajuda de alguém...
Queria ir assim, como tanta gente vai. Andando, conversando, normalmente.
Toda noite pra mim é um sofrimento, pensar que posso passar por todo TP de novo. E esse é o principal motivo de eu desejar que o tempo voe, não aguento mais essa incerteza.

Agora, uma coisa é certa: eu sei que gravidez não é doença e parto também não. Por isso, o que me dá forças pra enfrentar seja lá o que for, é pensar na saúde da minha Luíza e na de todos nós, saber que todo esse processo, difícil eu diria, tem um propósito, e é um propósito maravilhoso.

Acho que só volto agora com o relato do parto. Espero que sim!
Torçam por nós, por mim.



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